A minha rua tem ruas que eu não conhecia
Veios na pedra, detalhes nos passeios
Nomes gravados de gente passada
Tem ainda gente por quem passava
Somente passava, mas nunca via

A minha janela passou a ter mais sol na igreja
Sinos que ecoam perdidos nas árvores à meia hora
Pássaros soltos de inveja
Sapos alegremente presos ao riacho
Tudo isto e tanto mais!
Tem tanta vida livre ao dispor
Mas esquecida,
desaproveitada

A minha rua e a minha janela
São apenas isso
A minha rua e a minha janela
Serão apenas sempre isso

Mas agora estão espelhadas
Têm novo brilho
Do detalhe destes dias de pedra
Gravados para memória futura
Que nos ecoe, devolva a outra vida

Era preciso uma Pandemia?
Talvez não
Uns melhor saberão
Mas em outros tal não se via

Pelo menos em alguns em que agora reparo
E me reparam de volta
Por terem passado a dizer
E eu a lhes devolver, calorosamente,
apenas um singelo bom dia...