Estou a morrer de frio
Mas não somente
Morro igualmente
Tão mormente
De tanto só

Preso na minha orla
Desapreendo gente
Desprendo friamente
Invisivelmente
Até o ombro do pó

Nem no morrer de sono
Afincadamente
Sequer aí abandono
Pena inconsequente
Letrada num único dó

Solfejo-me na ironia
Mas desacompanhadamente
Orquestro-me num presente
Passado sem companhia

Só, somente só

Pauto-me sem letra
Noto-me sem dó
Acompanhado apenas
Deste persistente gentio
Mas nobre estio deste pó

Já nada a morrer de frio
Mas todo a morrer de sono
e,
contudo,
Ainda mais a morrer de só