A morte por aqui
Hoje se vos acaba
Abaixo a despedida
O adeus não me é nada
Decreto para sempre vida!

Não me preguem a partida
Só sou familiar da chegada
Nem aceito sermões de saída
Quero o céu de porta fechada
A firma deus está encerrada!

Diabo de mania mundana
Despedirem todos de enfiada
Esta empreitada quer-se insana
Como obra nunca acabada

Que celestial inferno!

Perante entre portas da morte
Entre botão de infeliz sorte
Ou um tímido truz truz
Ficar-me-ei sempre pela entrada
Ninguém me apagará a luz!
E também vos venderei nada!

Pois escuta, jesus
Se bem que não oiças
Eu bem sei
Tens a campainha sempre avariada

Qualquer coisa minha, do jeito
Entre o coração e a alma
Vá lá, tem calma!
Nunca sairão do meu peito
Nunca serão tua malga!

Passarás uma fome dos diabos
Tu e esse bando d'anjos quiabos
E o mafarrico, esse nabo lá atrás
Mictará infernalmente no penico

Irra satanás!
É assim, e mais nada!
A vida é minha, que cambada!

Assunto encerrado
Caso eternamente fechado
A minha vida hoje foi-vos roubada
E toda a morte fica assim indecretada

Dito, feito e assinada!
Minha Lei,
Também assim promulgada!
Publique-se, para a eternidade...