Quando eu ouvia os pássaros esvoaçar
Quando eu sentia o brilho do luar
Quando eu me dizia sem pensar

Quando eu via apenas rara beleza
Quando nunca havia muita tristeza
Quando pouco era tramado de incerteza

Quando eu não conhecia o amor
Quando somente um corte era dor
Quando um travo amargo não tinha sabor

Quando um quarto era meu forte
Quando o azar se subjugava à sorte
Quando não me fora apresentada a morte

Quando eu ainda queria saber
Quando tinha tudo por conhecer
Quando eu lia sem escrever

Quando, quando, quando, mais quando
Foi uma vez um tempo de doce engano
Conto findado não sei bem em que ano
Antes daquele em que me pude reescrever

Agora que percebi por onde ando
Já pouco me pergunto mais quando
Saboreio, com algum desmando, o que faço suceder
Sorrindo, sem desdém, ao que não me acontecer