Mulher com olhos de garoupa
Em escamas de curta roupa
Tanto ar de sonsa naquele pernil
Lábios grossos de tamboril
Rabo de pescada na boca
Um certo ar de lagosta louca
Porém um muito de coisa pouca

Dizem de si ser um avião
Mas cauda só lhe vejo de tubarão
Em permanente modo de cação
Vigia de praias, tal orca
Mas não passa de simples porca
Nadadora-matadora
De homens que torna em salmoura

Tábua lisa de rodovalho
Falsa delícia em açorda de alho
Um arrastão de peixe, não só graúdo
Da sarda velha ao carapau miúdo
Tanto lhe faz se careca, a alforreca

Medusa sem inata transparência
Habita o mar da indecência
Sempre à tona do oceano
Mas nem levando nela (ri Maria)
Amorosamente, sequer uma vez por ano