"Poderia Pessoa Sentir Assim?"

Andar às compras de mim mesmo
Percorrer o veio interior
Estafar todas galerias
Sempre cheias de artigos
Indefinidos, sem cor
De gentes vazias
Não achar tamanho
E menos forma
De corpo que assente
Nas dimensões perdidas
Pel'amplitude frenética
De minha inclemente
E sofrida mente

Tenho de saldar-me
Das dívidas que comigo me obrigo
Esconjuro que me traz ressentido
Sempre sentido em mora
Embora nem saiba como as contraio
Maldito dever d'um raio
Nem que seja por entrega
D´alma ao meu outro fiador

Invólucro sem livrança
A que me afiancei
Remetendo-me
Pelo prazer da dor
Donde quero
Mas, tanto querendo
Menos ainda saio
Sentindo-me cumpridor

Maldita roupa
Sem de mim único raio
Não me compra
Não me poupa
Faz-me andrajo despido
Das vestes de amor

Antes me viesse a morte
Teria ajustado manto
Mas raio de enfado, nem essa consorte
Me livra de ir versando o pranto