"É Tempo"

O tempo vai insistindo com o tempo
Tempo, sobre tempo
Querendo saber quanto tempo tem
O tempo cansado de si 
E da negrura dos tempos insidiados
Responde apressado, mas não resignado
Se houvera tempos em que o soubera
Hoje nem mesmo o tempo o sabe bem

Mas que sabe quanto tempo teve
E quererá de volta também
O tempo, e os tempos
Seus por direito
Decreto dos que de humano têm
E não dos que são ninguém

Pois teme futuro de mera adivinha
Lido na palma de gente de segunda
Que nem os segundos sabe ouvir
E, por isso, em vez de tempo têm tinha

Sente assim, mais e mais
Ser tempo para que alguém
Limpe do tempo esta corja
De falsos relojoeiros filhos da mãe