"Pobres Ricas Miseráveis"
Há pessoas que são ricas, simplesmente ricas, em tudo lhes flui riqueza que até a aridez da vilania e a secura da incapacidade de amar, verdadeiramente amar, não apenas roubar afectos, são imperatrizes de suas veias. Procuram liquefazer seu pó de alma alimentando-se na absorção de toda a materialidade alheia em jeito de tentativa desesperada, tão desgraçadamente desesperada, mas que será sempre frustrada, de tomarem como sua a riqueza que não conseguem, nunca conseguirão, gerar, pois essa é imaterial, não se palpa, não se imprime, e em base metal se não sustenta. É o tipo de riqueza inata que, ou se tem na génese, ou a génese dessas vidas será sempre, nem sequer de metal, mas de simples lata. E se a lata pode ser uma rica forma de vida, tornando a vida menos chata. Adicionada porém com a falta de carácter, rancor, desamor e prazer noutros ver dor e tantos outros maus sentimentos enferrujados pelas más ligas de algum metal que chupam, pois todo o metal querem sugar, deixa porém de ser uma forma de vida, mas apenas uma vida da pior lata. Essas pessoas são tão ricas, mas não são ricas pessoas, pois são as paladinas da riqueza da pobreza de espírito e são, enfim, umas ricas miseráveis, simplesmente desprezíveis e abomináveis. Seguem na vida tentando esquecer, apesar de toda a gente saber, até elas o sabem, que as latas quando são usadas e não tem utilidade são amachucadas e pontapeadas pela rua ou postas no lixo e tornam-se sem abrigo, ainda que a aparente riqueza de todos outros metais possuam ou hajam em tempos possuído.