"Pressente-Se A Morte, Saiba-Se A Sorte "

O cheiro paira e sobe às pupilas
Anunciado o que já se anunciava
Dizendo ser momento de cerrar filas
Suavizando o odor do poço de lava
Estime-se o que foi, mas não mais será
Reserve-se a fotografia de uma vida
Lamentando a que nos deixará
Salivando as feridas da gente não ida
Pois se a máquina num quarto diz adeus
Noutras divisões se acenará à união
Despedindo-se dos que sempre serão seus
Reencontrarão em fatal dor ignição
Faiscando para novas despedidas aos céus
Sabendo arrancar de suas almas o carvão
Que lhes mancha a vida onde ele se extrai
Lapidando a felicidade que se não lhes sai
Brilhando, sempre, enquanto poderem acenar
À sorte da vivência, cuidando de a não desperdiçar