"Aquae Flaviae Divinus Angelus"

Anjo divino que sabe e sonha o que comanda a vida. Prodígio de terras flávias que gerou e albergou poetas que converteram o sonho em magia de pedra filosofal. Mestra que ajoelha Midas, porque, muito além do valor de qualquer tesouro, seu toque transforma sentimentos perdidos e erráticos em tons auríferos conduzindo-os ao brilho de vidas radiantes. Olhos cristalinos suavizantes de propriedades termais que transportam a jovialidade escaldante d'águas que abundantemente brotam nas suas origens e nas quais fluem todos os minerais que nutrem o espírito. Imperatriz de emoções supremas que até subjugariam o primeiro César que despudoradamente conquistou sua cidade nos primórdios das eras, pois é, e sempre o será, guardiã das chaves que descerram a clausura de vários corações. Sua santa cabeça, glorificada em capela sita em suas raízes, agraciou e protegeu em tempos projecto de poeta protector, desconhecido e que se desconhecia, cuja paternidade ascendente houvera desfalecido em dia festivo da fundação de Aquae Flaviae. No seu percurso vai esboçando traços de vitalidade rupestre e erigindo pontes cuja beleza envergonharia obra-prima de Trajano, ligando o poeta a mulher de muita vontade, ambos julgados longe, mas sempre tão perto, porque apenas o não sabiam, pois suas imagens sempre habitaram as grutas cercaneiras do Pereira e do Machado que descrentemente se haviam escondido sob mil portas sem chaves. Bastião da terra de gentil e firmado poeta que, sem o saber, a descreveu, e melhor sempre descreverá - "Que doçura a imagem tua, de fogo e neve celestes, Filha do Sol e da Lua!"- , do que o projecto, agora já esboço literário, de poeta que ousou fazer nascer seu primeiro livro de confissões de vida, não o sabendo que na terra do anjo se havia iniciado a obra, tal como primeiro livro impresso em terras de Viriato. O latim fundou a toponímia das origens da cidade do anjo, tal como moldou seu nome ao significado daquela que é forte. O anjo segue, e seguirá, a sua obra divinal, pois corre nas águas da sua natureza o altruísmo jovial espontâneo. Quando suas asas fraquejarem, o que será sempre momentâneo e fugaz por tal força d'alma, terá sempre as imagens esboçadas nas duas grutas como seus querubins, pois a ponte que o anjo criou unindo duas margens gémeas jamais se desvanecerá e será sempre amparo para suas eventuais quedas.