"O Homem Que Não Sabia Estar A Cumprir O Seu Destino"
Nos búzios colhidos em momentos de maré vazia
Um homem procurava auscultar o desígnio do seu futuro
Inquietado pela incerteza do que lhe haveria sido destinado
Os seus pés ansiavam em cada dia o frio da areia molhada
Esperando, em cada ida, que Poseidon o agraciasse com tal oráculo
Pacientemente, em arrepio ao passar do tempo, calcorreou milhas
Sempre com a esperança que lhe fosse ofertado mais do que o eco do mar
Envelhecido e, cansado, o calor pelo frio que o impelia ao areal esmoreceu
Não mais voltou ao mar e resignou-se à incerteza da razão da sua existência
Conformado, deixou, entristecido, conduzir-se pela vida até ao limite do desgaste de seu corpo
Próximo da partida, a pouca lucidez que mantinha soçobrou a um último vislumbre do mar
Arreigando o resto das forças, arrastou-se pelo areal em busca de um último búzio
Não apenas os pés, mas todo o seu corpo - mais do que nunca sentira - tremiam gelidamente
Ao levantar, pela última vez, a cabeça, abismou-se com a ausência de movimento nas águas
As marés tinham desistido da alternância, a areia estava despida de búzios, conchas ou outras formas de vida outrora resplandecentes no mar - e por este derramadas no areal em sua memória - e o vento não soprava
O homem, apesar de tal cenário pouco aprazível, esboçou um ténue sorriso, compreendendo, num último estertor, o que lhe havia sido destinado e, serenamente, desfaleceu
As águas, sopradas por súbitos ventos de nortada, agitaram-se repentinamente - e nunca mais deixaram de se mover - tendo o mar abraçado o homem para a sua derradeira morada
Um homem procurava auscultar o desígnio do seu futuro
Inquietado pela incerteza do que lhe haveria sido destinado
Os seus pés ansiavam em cada dia o frio da areia molhada
Esperando, em cada ida, que Poseidon o agraciasse com tal oráculo
Pacientemente, em arrepio ao passar do tempo, calcorreou milhas
Sempre com a esperança que lhe fosse ofertado mais do que o eco do mar
Envelhecido e, cansado, o calor pelo frio que o impelia ao areal esmoreceu
Não mais voltou ao mar e resignou-se à incerteza da razão da sua existência
Conformado, deixou, entristecido, conduzir-se pela vida até ao limite do desgaste de seu corpo
Próximo da partida, a pouca lucidez que mantinha soçobrou a um último vislumbre do mar
Arreigando o resto das forças, arrastou-se pelo areal em busca de um último búzio
Não apenas os pés, mas todo o seu corpo - mais do que nunca sentira - tremiam gelidamente
Ao levantar, pela última vez, a cabeça, abismou-se com a ausência de movimento nas águas
As marés tinham desistido da alternância, a areia estava despida de búzios, conchas ou outras formas de vida outrora resplandecentes no mar - e por este derramadas no areal em sua memória - e o vento não soprava
O homem, apesar de tal cenário pouco aprazível, esboçou um ténue sorriso, compreendendo, num último estertor, o que lhe havia sido destinado e, serenamente, desfaleceu
As águas, sopradas por súbitos ventos de nortada, agitaram-se repentinamente - e nunca mais deixaram de se mover - tendo o mar abraçado o homem para a sua derradeira morada